O Brasil é um dos grandes produtores de grãos no mundo e também o país que possui maior potencial de expansão em área cultivada. O aumento considerável da demanda mundial por alimentos abriu espaço para o Brasil competir no mercado das exportações de commodities. Para atuar de forma relevante no abastecimento global, a agricultura brasileira teve que buscar evoluções com o uso de tecnologias e a expansão das fronteiras produtivas. O estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), denominado Visão 2030, retrata que entre os anos de 1975 a 2015, a produção de alimentos teve aumento em 4,5 vezes, enquanto a utilização de insumos avançou 15%.
Em 2017, de acordo com o Centro Avançado em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o agronegócio respondeu por 21,59% do Produto Interno Bruto (PIB). Se incorporarmos toda a cadeia produtiva do agronegócio, como a pecuária, a silvicultura, as máquinas e implementos, fertilizantes, defensivos, entre outros insumos, o PIB do agronegócio chega a 1,4 trilhões. Apesar dos dados positivos, o agronegócio precisa avançar em termos tecnológicos. Entre os exemplos está a manipulação, em escala, de material orgânico comestível para embalar alimentos perecíveis, ampliando a duração de frutas e hortaliças.
No campo, nanopartículas de argila se transformam em forte aliado na absorção e armazenagem de água para hidratar plantas em períodos de seca. Para o gerente de implementação de soluções integradas da John Deere para América Latina, Rois Nogeira, a "internet das coisas" leva a migração da agricultura de precisão (baseada na informatização e automação) para uma agricultura digital. Esta realidade permite que os dados capturados nas fazendas sejam cruzados com os de outras fontes e se transformem em informações relevantes ao negócio. Os equipamentos, que já são uma realidade, estão preparados para identificar as condições ideais de plantio e colheita e ainda, com potencial para fazer, automaticamente, tarefas como a seleção de sementes em cada talhão.
Os softwares enviam dados da colheita para o sistema de logística, que otimiza o transporte e o armazenamento. Assim, o complexo agrícola tem um papel importante no desenvolvimento da economia brasileira. O crescimento dos setores envolvidos, como a soja, por exemplo, que investe em tecnologias, incentiva novas áreas agrícolas e indústrias de processamento de grãos e refino de óleos trabalharem desta forma com resultados positivos não apenas em volumes operados, mas também na melhoria de vida da população. Uma das promessas da agricultura digital é a redução do uso dos insumos e o aumento da competitividade.